26 março 2011

Se o neto I

De luz repleto encontro o tecto
Que o tronco faz e o braço verte
Embora fora outrora inerte
É hoje alvor jamais infecto

Sai da bruma que se faz pluma
E bate, sobe, cresce e voa
Porque não lhe pesa a coroa
Que um sorriso desarruma

Espero enquanto sob o manto
Claro e leve do teu encanto
Me deixo ir sem rumo certo

Na certeza de que a pobreza
Irá jamais sentar-se à mesa
Onde o coração jaz aberto

11 março 2011

Deturpar

Para a cama atrais histórias.
Da mesa levas memórias.

Doente por saber.
Eloquente para o dizer.
Sapiente por nada ter.
Efervescente mas sem viver.
Junto ao peito.
Outro leito.

Que as tuas estranhas entranhas me deixem de estranhar e me façam entranhar.

09 março 2011

Voragem

Bate, como quem não bate e acaricia.
Espera, como quem não espera e amargura.
Toca, como quem não toca e acompanha.

Uma fonte inesgotável de um destino inexorável que inunda a funda gruta onde o ser deixou de o ser.

Volta, como quem não volta mas se volta.
Vê, como quem não vê mas se revê.
Dá, como quem não dá mas aqui está.

08 março 2011

Às escuras

Respiraste o chão que era meu, entre degraus e escadas e muros e paredes.
Deste-me o ar inerte que juntei à solidão.
Levantaste a flor do meu cheiro.


Afoguei-me na dor do teu regaço.