10 junho 2008

Tormenta

Um ósculo desviado do seu objecto captura num outro tu a essência da suspeita.
Invejas e passados beijam quem não passa.

Intercâmbios oníricos que num corpo desfazem o que uma vontade construiu.


Toldado por um intuito arrisca uma viagem sem volta.
O rumo é o seu.
O destino há-de sê-lo.

25 maio 2008

Quando?

Murmúrios que ressoam num coração aparentemente aberto não são suficientes para lhe dar a confiança que almeja.
Pede ao vento que lhe traga o adubo que agigantará o que se tornou incomensurável.

Ao encontro do que pode tocar, ultrapassa quem o pode sentir.

Estranhos do mesmo lado de uma trincheira que nenhum ajudou a cavar.

14 abril 2008

Berço

O ecoar das rochas nas ondas que estáticas recebem do pensamento o movimento embala-me.
A espuma traz à noite a claridade de uma fronha.

Salgados salpicos assaltam-me o âmago.

Até mim vem o mar que me leva aos teus lençóis.

Georeferenciação

Pela frente uma planura de montanhas.
Nas costas a tortuosa linha recta.

Lado a lado com a altaneira sobranceria que só o faz olhar para baixo.

20 fevereiro 2008

(Des) conforto

A mansidão das águas levou-o a planícies infindáveis.
Duas rochas num leito imperturbável trouxeram-lhe à consciência a inevitabilidade da mudança.

Sentia que lhe estrangulavam a corrente.

De uma assentada trocou a espreguiçadeira por um banco alto.