30 outubro 2006

Invasão

Hipnotizado pelo que lhe escondem, desce avenidas de palavras com um dicionário na mão.

Ambição

O cheiro de um abraço.
A vontade num presente.

O que sempre quis foi-lhe entregue sem aviso.

A eternidade num segundo.

27 outubro 2006

Descoberta

Estorvo que dinamiza.
Obscenidade que apazigua.

Repentes numa roda que se quer fazer espiral.

26 outubro 2006

Celebração

Envolto num manto de sobriedade passa entre espelhos que reflectem o que quer mostrar.

Emerge destilado.

24 outubro 2006

Despertar

Pele que dorme em lençóis de mel.

Como uma gargalhada desmesurada.
Como uma garganta que canta.

Aroma que propaga as cinco e meia da manhã.

23 outubro 2006

Tentação

Intrépido por onde navega, forma ondas de prazer com remadas de desejo.

Remendos

Alimentado por uma réstia de existência, invade o outro ser que nele habita.

Precipita-se num desfiladeiro sem guarda.
Desmorona muralhas de absorvência.

A busca do ligante terminará na unidade.

20 outubro 2006

Expor

Chovem fábulas em seus ombros.
Seus cabelos bailam ao Sol da música.

Marcados pelo decoro de um sinal, os seus lábios projectam-se na tela que resolveu chamar.

A atenção enviada ao receptor impede que qualquer meio deturpe a sua mensagem.

19 outubro 2006

Entronado

Do seu domínio se erguem palpitações.
Da sua posse se libertam estados de elevação.

Ondas formam-se.
Muros caem.

Bate no seu peito a prosperidade do ser.

Objectivos

A aurora inconsciente fecunda de sapiência a véspera que no ocaso se propaga.

Um estranho querer.
Uma bizarra ambição.

A vizinha volúpia que adormece incauta.

Dependência

À escuta.
À espera.

De um Borda d'Água temporal.
De entrar num prometido Éden.
De sair de um sentenciado Hades.

Façanhas que se prometem.
Promessas que se fazem.

Ao tempo que passa.
Ao tempo que fica.

18 outubro 2006

Experimentação

Escondido numa fortaleza de algodão, persegue o que não vê.

Cai se o alcançar.

Sensações

Lê o conforto de uma manta.
Ouve a frescura de um olhar.
Tacteia o encanto de uma alma.
Saboreia a leveza de uma carícia.

Num trovão.
Num raio de sol.
Numa varanda.
Numa brisa.

17 outubro 2006

Fruto proibido

A quietude percebida num tropel.
Uma mirada paralela ao infinito.

O alvoroço de um rubro latejar.

Descansar em lábios outrora intangíveis.

16 outubro 2006

Dormir

Fantasias de embalar desfeitas em mel.
Impressões no fundo de uma chávena.

Um encontro com Morfeu.

Um lençol de sete cores.

13 outubro 2006

Alegria

Esgares rasgados em harmonias de revolução.

Eternos sorrisos internos.

Superstição

Um lugar-comum exclusivo e singular.

Dois braços de ferro.
A tecla de ouro.

Aquele que dominar as trevas brilhará com o esplendor de uma Vitória.

Destino

Uma candeia que se acende na claridão de uma vontade.
Um pavio que se consome até à base de um pensamento.

A inevitabilidade da procura é apenas suplantada pelo desejo da conquista.

11 outubro 2006

Sentir

Dentro de uma moldura de pétalas bebe do aroma que se faz calor.

Desilusão

Há uma luz que brilha, ateada por um fogo.
Há duas lanternas que a espalham.

Ao esconder o que lhe é próprio, coloca o carvão na braseira.
As lanternas recolhem.

A braseira aquece.
O carvão acaba.

10 outubro 2006

Vibrar

Torna-se incompreensível apreciando a beleza sonegada pela agressividade.

Eternidade

Sempre deixar uma porta por fechar.
Sempre deixar um sulco por lavrar.

Sempre estar amarrado a um movimento.

Mentira

Convicções assentes em pensamentos arredios.
Testemunhas perpétuas de reflexos díspares.

Um ponto de fuga que existe por si.

Dobrar uma ilusão.

09 outubro 2006

Identidade

A entrega de um corpo dificilmente será colmatada por uma singela permuta.
A entrega de uma alma raramente envolverá dois corpos.

Dar e receber a justiça que se afastou do ser.

Será esse o preço a pagar pelo que se almeja?

Senda

Percorrido que foi o trilho inicial, deixa a desilusão invadir as palavras que ecoam no seu âmago.

Em trovas escutadas entende escalas sem métrica.
Em melodias lidas atinge letras sem alfabeto.

No verbo alheio jaz o presente que teima em chegar.

08 outubro 2006

Sofismas

Sendo quem é, passa incólume no meio de ventos de mudança.

Numa situação desfavorável agiganta-se.

Ri.
Fala.
Eleva-se.

Ilude.

03 outubro 2006

Paixão

Fascinado pela sua honestidade, aceita as regras do jogo.
Mano-a-mano.

Nunca perdem.

Eleva-se.
Resplandece.

A dimensão da sua beleza nunca se lhe tinha sido tão perceptível.

Empatia

Brilho num copo de vinho.
Confidências nas borras de um café.

Uma viagem de ida, rumo a um porto de abrigo.

Realização

Um sorriso eterniza a vontade de sentir.

Um espelho luzidio.
Uma esfera expansiva.

Plenitude.

02 outubro 2006

Maturação

Quantos ciclos terá completado no momento da partida?
Terão sido os suficientes para chegar ao início?

Voltas que se perpetuam num eixo assimptótico.

Prazer

Seduzido pelas ondas, movimenta-se através das sombras que lhe alumiam o caminho de volta.

Torna-se luz.

Crescer

São.
Existem.

Porque ao serem ostracizados imbuem-se da sua própria essência.

Querer

Trepar uma arriba de espinhos como cair sem amparo numa piscina de pétalas.

Comunicação

A exactidão que se empresta a um sopro.
A clivagem extraída de uma brisa.

Miragens de uma pauta que teima em descompassar.